
Cliquem pra ampliar, rs.
Primeira tirinha que eu mesmo fiz que eu publico aqui no blog.
Afinal, vcs estão felizes com o Brasil sediando as olimpiadas e a copa do mundo?
ESTÃO FELIZES ATOA!!! HAHAHA
Beijos.
– Não é verdade...
Alice inclinou a cabeça e me encarou com um olhar que gritava claramente um “eu não acredito em você”. Dei de ombros, já fazia um bom tempo que não me levavam a sério quando falávamos sobre isso.
– Você não está sendo sincero! – Continuou ela, que tentava demonstrar segurança em seu julgamento, como se isto bastasse para funcionar como uma verdade absoluta – Clark, você a amou por todo esse tempo, só não quer falar que ainda gosta dela por orgulho, para mostrar uma pseudo força, e dizer que conseguiu esquecê-la!
Percebi então que nada a calaria, exceto se eu levasse à discussão argumentos para mudar sua opinião. Por um momento pensei em simplesmente exclamar um “você está certa” e partir para a lanchonete mais próxima, meu estômago clamava por comida. Mas resolvi valorizar a opinião dela, e dessa forma lutar para que ela mudasse sua postura. Ela não estava exatamente errada, devo confessar que não é fácil extinguir o amor não correspondido que sente por alguém. Mas eu estava lutando contra isso, e se pouco me engano sobre mim, estava conseguindo vencer. Coloquei as mãos no bolso como um hábito meu, encarei as árvores ao meu redor, passeei o olhar pelo céu, e os recaí sobre a face pálida e bela de Alice, que mantinha sua postura séria e intimidadora, encarando-me com as mãos na cintura.
– Bom... – Foi como comecei minha fala, tal expressão parecia me ajudar a decodificar e dizer o que penso da melhor forma possível – Procurei por todo esse tempo uma alternativa para esquecê-la... E descobri que a cura para um amor não correspondido é um novo amor. Se for isso que deseja que eu diga, tudo certo, eu digo que ainda sinto algo por ela. Mas agora creio estar conseguindo amar outra pessoa, e por isso posso afirmar que estou a esquecendo. Assim me sinto bem.
As palavras não foram disparadas como um turbilhão de pensamentos, pelo contrário, havia conseguido falar com calma e coerência, e Alice parecia espantada com minha resposta um tanto racional. Na verdade, até eu me encontrava assustado com o que falara. Ela pediu sinceridade e recebeu a minha mais franca resposta.
– Uau. – Exclamou ela, enquanto esfregava uma mão na outra, olhando para seu próprio pé, possivelmente formulando a continuação de sua expressiva reação monossilábica – Então... eu poderia saber quem é a pessoa que está amando?
Confesso que esperei – em poucos segundos – diversos tipos de reação que ela poderia ter, que variavam desde discursos moralistas a um abraço para provar que me apoiava. No entanto, isso eu não esperava. Recuei dois passos, como se a pergunta tivesse uma força de repulsão sobre mim.
– Mas Alice... eu... nossa, eu.. Alice!
Eu tinha a consciência que soltava palavras sem nexo, e minha voz hesitava. Alice riu prazerosamente, parecia que aguardava um momento de vulnerabilidade minha desde o início de nossa conversa.
– Clark, você é meu amigo há muito tempo, sabe que pode confiar em mim! Vá logo, me conta! Quem anda tomando posse de seus pensamentos e de seu coraçãozinho fofo agora, hein? – Disse ela, com uma malvadeza pueril que só se pode encontrar na Alice.
Olhei para os dois lados, e prendi minha atenção a um pássaro que se atirava dentre os galhos de uma pequena árvore. Talvez eu não tenha uma explicação coerente e plausível para isso, mas naquele instante ele me ajudou a encontrar em minha cabeça uma resposta sagaz, que muito bem servia como uma válvula de escape.
– Você, Alice! Estou conseguindo esquecê-la porque estou me apaixonando por você agora. – Eu disse, com a expressão mais séria que pude explorar em minha face.
– Oh.
Alice empalideceu. A garota, muito branca já de natureza, lembrava agora o branco do gelo encontrado no pólo norte. Percebi também que não respirava, e seus olhos - mais abertos que os de costume - encaravam meu rosto. Embora a relatividade do tempo não me permita ser preciso agora, imagino que se passaram uns dez segundos onde me contive friamente para não rir daquele semblante espantado dela. Mas não resisti, e me desmanchei em risos, rindo alto.
– Essa foi boa, confessa? – Eu disse entre os risos, apoiando-me no ombro de Alice, enquanto inclinava minha cabeça para rir.
Aos poucos a respiração de Alice voltava. Junto com ela, poucas risadas sem graça vinham, enquanto a garota começava a tentar esboçar as primeiras palavras após o choque.
– Mas você, hein? – Disse ela pausadamente, balançando a cabeça em sinal de negação, apontando o dedo para meu rosto – Assim, você me mata!
– Foi uma brincadeira, Alice, uma inocente brincadeira. – Conclui, dando três ou quatro passos para trás. – Bom, tentarei evitar morrer de fome agora, vou me alimentar de algo! A gente se encontra mais tarde?
Ela demorou para responder. Ainda não havia se recuperado totalmente da brincadeira.
– Ah, claro. Eu te procuro no jardim.
E com um aceno me despedi dela. Alice continuou parada dentre as árvores, e não parecia disposta a se mexer. Pensei se não havia exagerado na brincadeira, se de repente aquilo ia contra as leis morais de relacionamentos. “Não, foi a melhor saída, ela jamais poderia saber de quem gosto!” - tentei me convencer.
Mas naquele dia mal conseguia dormir. Com o rosto colado no travesseiro, apenas me passava na cabeça que Alice sentia-se frustrada por algum motivo. Que seu sorriso sem graça seria apenas o fruto da decepção de uma brincadeira que poderia ser verdade.
“Ah, que tal calar esses pensamentos, seu megalomaníaco?”, briguei comigo. E por fim, fui derrotado pelo sono.
Enfim, acabou. Por um pouco mais de dois meses, vocês viram meu blog com uma aparência diferente e com posts de carga depressiva e poética. Quem me conhece sabe bem, não escrevi “when light goes down” para me promover, sem intenções de que se tenha sido palavras bonitas nulas para dizerem que escrevo bem. Não. Escrevi wlgd por uma necessidade, talvez não tão fácil de ser compreendida, mas se apropriando de um clichê, daquela necessidade de exprimir a onda de sentimentos que pulsavam em meu interior.
Mas garanto que eu mesmo me perdi na funcionalidade dos textos. Eu mesmo me perguntava com quais objetivos os publicava. Havia vezes que afirmava ser um texto direcionado a ninguém, para pessoa alguma ler, mas em certos períodos tudo que eu gostaria era que alguém o lesse. E se eu sabia que nada iria mudar, por que continuar escrevendo? Faço poemas que não são publicados, e eles suprem minha necessidade de escrita, então, para que textos simbolistas feitos à publicação? Eram quase questões existencialistas, e a qualquer momento eu estava disposto a desistir de “when light goes down”. Mas sabia que havia gente que acompanhava os textos, e embora não gostavam do meu blog (e de mim) depressivo, ao menos diziam gostar dos textos. Como uma música triste e depressiva, ninguém gosta de estar dessa maneira, mas se é para estar, que seja embalada por uma triste melodia que lhe traz um certo prazer melancólico dentro desta desconfortável situação.
“It's never enough to say I love you
No, it's never enough to say I try
It's hard to believe that's there's
No way out for you and me
And it seems to be,
The story of our life”
Reprimo a dor no meu peito e, um tanto enfraquecido, desato a escrever. Não há um antídoto para este veneno, e impotente, assisto meu corpo ceder à derrota iminente. Dói-me acreditar neste intransponível muro, principalmente quando por um longo período de tempo tudo o que pude visualizar foi a vida além deste. Mas ele existe, e respiro fundo para aceitá-lo. Perdoe-me se precisei de seus óculos para tal. Entenda, não posso confiar apenas em minha mente e minha capacidade imaginativa. Pois muito aprendi e conclui; eu odeio meus devaneios.
“Nobody wins when everyone's losing”
Tão breve quanto puder ser. Tranco-me em meu universo de luz baixa, e choro por ter acreditado em mim. Tranco-me no lar da segurança, e choro por ser inseguro. Tranco-me no porão de minha mente, e choro por ver distante meu admirável troféu. Não sinto a chuva, não sinto o cheiro do paraíso, e vou à nocaute ao notar que não há - nem haverá mais - a sinestesia. E você sente a dor junto. Estamos sendo corroídos. Os móveis estão fora de lugar. O consciente sino soa, é hora de ajeitá-los.
“Oh, it's like one step forward and two steps back
No matter what I do you're always mad
And I can't change your mind.”
Planejei-me como pude para enfrentar o poético e insano “mundo furioso”. Meus objetivos estavam redirecionados ao esclarecimento. Precisava provar a importância das tentativas, mostrar que as peças da engrenagem nublada de uma mente confusa logo se encaixariam. No entanto, logo provei minha incapacidade novamente. Não há mais páginas, o livro termina com um triste fim. E não há tantas complexidades para isso, é fácil compreender o destino de um perdedor. Foi derrotado.
“Oh, it's like trying to turn around on a one way street
I can't give you what you want
And it's killing me
And I, I finally see
Maybe we're not meant to be”
Por fim, anuncio que não há palavras finais. Perderam-se no meio do cinza, perderam-se quando as luzes se apagaram. Saturo-me de lamentações, sofro uma overdose de frustração. E como gostaria de ser complementar a suas cores, ser o brilho necessário de uma noite escura sua. Porém, não representar tais funções comprime minha existência. E com uma alegria melancólica eu digo “adeus”. Peço perdão por ser uma estrela em constante queda. Então encarem meu triste olhar e façam um pedido.