terça-feira, 30 de junho de 2009

Querubim

Avistei aquela estranha criatura e permaneci imóvel, inexpressivo, enquanto lentamente ela se aproximava de mim. Suas asas refletiram um brilho intenso em meu rosto, luz provinda de lugar-algum. Pequeno e de aparência pueril, apontou seu dedo indicador gordo para mim, e riu. Por uma duração de aproximados dois minutos, ele riu. Permaneci imóvel, inexpressivo. Por fim, disse com sua voz debochada de criança:
– Você não nasceu para o amor!
E deu de costas para mim. Partiu para lugar-algum, rindo. Permaneci imóvel e inexpressivo. Mas não pude evitar de sentir uma lágrima quente e ardida escorrer por meu rosto. Queimou-me em seu trajeto, e terminou em meus lábios, que frios como o gelo, sentiram o gosto da derrota.